sábado, 8 de novembro de 2008

Em celulose.

“Uma esfera enorme na dor que era ver em contorno – cujo nome carecia pela infância do mundo – foi chamada, sabiamente, de Sol por um amigo. O tal Sol já nos fazia arder em carne e suportar, no vermelho da pele, o calor do deserto.
O nome do deserto eu não lembro, pois caso me submetesse ao esforço para lembrar um nome, por certo desmaiaria e poria em chamas o meu corpo, no ouro da areia. O caldo de minha mente, marcado em ponto fixo, tornava-se involuntário. Pois que então eu seguia, na busca de um nada, do nada e ao nada. Mas era sim, um nada muito mais que a soma de tudo e, por muitas vezes, eu caía em desacordo comigo mesmo. E eu caía também no chão e afundava junto à areia para o centro da Terra, para esquecer-me lá. Para fazer de mim, mais lenha estalando na fornalha.
Então veio a vírgula deste meu relato. Fazendo sombra com a mão esquerda, pude enxergar quase que na combustão de minha vista, uma pequena folha de papel sobre as dunas. Nela, portanto, me fiz em papel. No papel que vai durar o tempo necessário. Mas vai também, no futuro, diluir-se em água. Aí, o papel vai matar minha sede. E será essa a minha solução; serei o soluto e o fim dos problemas. Você me lê; então, estará tudo bem."